domingo, 19 de fevereiro de 2017

Assumir é Carácter

"Errar é humano" é expressão por todos nós mais que ouvida e conhecida. Usada sobretudo para desculpar erros nossos ou daqueles que nos são próximos, pode levar-nos a não assumir o erro. Assumi-lo é carácter. 

Se errar é humano, é preciso que se torne divinamente assumido para ser
oportunidade de aprender. A tragédia acontece mais pelo não reconhecimento do erro que pelo erro em si mesmo. Não o assumir empurra-o para os outros, e o erro cresce mais e mais, como bola de neve, envolvendo-nos a nós e contaminando aqueles que tocam nossas vidas. Perceberemos isso mesmo quando, julgando com o mal alcançar algum bem, nos apercebermos que nos enganamos a nós mesmos e somos enganados pelos outros, porque o mal não traz bem, embora o bem se possa aprender do mal, quando este é reconhecido e assumido.


Sim, esta reflexão é para ti, é para mim.

Olho por olhos diziam os antigos. Disseram também que esta máxima destrói o mundo. Jesus diz: "Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem". A diferença é abissal, exatamente aquela que distingue a morte da vida. E Deus, na plena liberdade que nos concedeu deixa que a morte possa ser a nossa opção, embora o apelo à vida seja constante e premente.

Vem por aí a Quaresma. Está já à porta. Deixámos crescer daninhas ervas, nascidas de danadas sementes que nos não permitem ver e assumir os erros com que nos vestimos e cobrimos em cada dia. Ao jeito de passos dados em pequenas ervas molhadas que arrefecem os pés dos caminhantes e, sem se darem conta, resfriam até ao coração, o mais íntimo, dos pulmões,  pneumonizam o corpo e matam a vida. Não temos pecados porque não vemos mal em nada do que somos, porque justificamos tudo em favor próprio, empurrando para os outros todo e qualquer mal que possa acontecer até a nós mesmos. Não temos pecados porque, como não está azedo o vinho que azeda lentamente e diariamente é bebido sem que se note "picozinho" que nele cresce lentamente, também o pecado não existe porque ele mata lentamente, muito lentamente a vida da Graça que, em desgraça, se apaga quando "não há pecados". Não temos pecados porque "errar é humano", "perdoar é divino", não reconhecer, para pedir perdão sem culpar os demais, é diabólico.   

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